06 agosto 2005

Os sapatos e o mar


Minha vida escorrega quando calço sapato novo
E tento chorar quando os tombos são de lado
Porque a batida dói mais.

Mas mesmo assim insisto em caminhar para ver o mar com o sapato novo
Porque à distância todas as coisas são borradas
Porque no horizonte o borrado faz arte
Porque assim estamos cegos
Jogando fora toda exatidão dos meus olhos e a firmeza dos meus pés.

De sapato novo, olho o mar
E com olhares novos, eu escorrego todos os dias
Porque ando, seja com sapatos novos ou olhares borrados.

Andei pra trás
Levei um tombo sem escorregão
E fiquei lá
Com medo de sair do chão
Porque de lado
Se dói mais...




3 comentários:

Anônimo disse...

Dói pra caralho andar de sapatos novos e vislumbrar um horizonte borrado, mas sempre jogamos os velhos fora. Nossa condenação: forçar o novo. Sempre!

O empírico disse...

Os sapatos novos vem quando os sapatos velhos nos apertam os pés!
Deixamos de correr e começamos a mancar... Ai, ai. Como dói!

As vezes a dor nos sapatos novos não é por causa dos sapatos novos!

Mas sim dos calos que ficaram nos nossos pés dos sapatos antigos!

heheheh, mas estou viajando!

Sei que já li isso, mas deixa eu registrar formalmente:
"TÁ ESCREVENDO, HEIN MENINA!!"

Anônimo disse...

é muito bonito lud! gostei