24 janeiro 2006

Do buraco ao mergulho

"Mas como adulto terei a coragem infantil de me perder?perder-se significa ir achando e nem saber o que fazer do que se for achando." Clarice Lispector-Paixão Segundo GH.

Foi aí que eu entrei em um buraco.
Estava tudo no escuro,porque até alí, eu não podia ver o perigo que estava tateando o olho esquerdo.
Pisei em coisas. E eu só podia dizer isso delas.
Eram amontoados como eu. A mesma falta de verdade que todas as coisas têm no mundo, mesmo que vivam arrastando na minha cara esse movimento estragado de sentidos.

Mas eu também saí do buraco e encontrei o rio.
Foi como se eu tivesse entrado em bolhas de "quero mais" e ficaria a boiar naqueles sorrisos que a gente sorri sozinha, só com as lembranças.

Foi como se as fuligens tivessem precipitado dentro do rio.
E eu tirei os óculos para ver melhor.

Sim, eu entrei em Clarice.


Um comentário:

O empírico disse...

NOssa..., tem andado inspirada, hein, menina...