20 julho 2008

A Centralidade do Trabalho

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho,
no erguer de asa
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro,
que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,Europa
os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
O Quinto Império - Fernando Pessoa




Se o trabalho não existe, sumiu
Ele deve ter se escondido todo dentro de mim

[escondido em tudo

Um autômato que anda somente no estímulo da sirene
não caminha.

Um atônito
É uma necessidade andante
que uma estética viva.

A felicidade da necessidade
fala aos ouvidos
sempre querendo pegar
a ansiedade.

2 comentários:

O empírico disse...

felicidade, se disfarça de necessidade...

se esqueceu da escolha...

O empírico disse...

vc colocou o texto no lado "direito" de propósito??? Se sim, foda...