15 maio 2010

areia

Palmira tirou da água todas as bolhas de ar que surgem depois de baterem na pedra. Achava que a água em sua manifesta força tinha tomado todo o barulho dentro do mundo.

Não esperava nada da areia. Ela pisava como se tivesse a areia a função de rodear a água, como se fosse caminho, o que era de muito pouca importância.
Sentia-se assim porque a bordoada da cachoeira era um abraço aberto, era um conforto de ser tomado por cada espaço e dobra do seu corpo. A água tinha a possibilidade de cercar com conforto ou com desespero porque nada era tão evidente. Era o presente gritando presença. No entanto, a água era pouco porque só
a sentia quando Palmira mergulhava ou a deixava cair.

Era fácil sentir a água no momento do grito, difícil era riscar o pé na areia. Da areia agora se esperava muito pouco, mesmo que ela olhasse bastante pro chão. Não era mais que um arranhão, um tempo para chegar à água. Mas um arranhão é tão incômodo que dói até quando desgraçadamente entra na água.

Palmira tinha a marca da areia, sentiu o caminho, pequena “poeirinha da poeira”.